sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Factores de Produção: o Trabalho e o Capital

7. Factores de produção
Os factores de produção são todos os elementos necessários ao fabrico de bens. Genericamente, consideram-se  três tipos de factores produtivos: os recursos naturais, o trabalho e o capital. Estes factores combinam-se uns com os outros de modo a permitir a obtenção de bens.
O Homem recolhe da natureza as matérias-primas necessárias para produzir os bens capazes de satisfazer as suas necessidades, com o auxílio de ferramentas e equipamentos. As matérias-primas (recursos) vão ser transformadas em produtos acabados através da força de trabalho do homem (trabalho) e de máquinas e utensílios diversos (capital).
         
         Os recursos naturais
Os recursos naturais são todos os elementos que a Natureza fornece ao Homem para a satisfação das suas necessidades. Estes recursos podem ser de duas espécies: renováveis ou não renováveis.
Os recursos renováveis são aqueles que não se esgotam num curto espaço de tempo e que vão sendo substituídos periodicamente como o caso dos recursos florestais, hídricos ou da energia eólica, solar, geotérmica ou das ondas do mar. Os recursos renováveis ainda são pouco utilizados por nós pois a sua implementação exige, por um lado, grandes investimentos e por outro, uma profunda alteração das mentalidades e dos hábitos de consumo das pessoas.
Os recursos não renováveis são os que não podem ser repostos pela Natureza em tempo útil, isto é, a sua reposição só é possível num período de tempo muito longo que não acompanha o ritmo das necessidades humanas. Estes recursos resultam de processos muito demorados e normalmente, a sua utilização provoca muitos danos no ambiente. No entanto, as principais fontes de energia utilizadas no nosso planeta são recursos não renováveis como o petróleo, o gás natural ou o carvão.
          
         O trabalho
O trabalho é toda a actividade física ou intelectual desempenhada pelo homem de forma remunerada e que tem como objectivo a produção de bens e serviços de modo a satisfazer necessidades. Existem vários tipos de trabalho, exigindo uns mais aptidões ou conhecimentos do que outros.
O trabalho é simples quando não é necessária a existência de uma qualificação específica e é complexo quando exige um conjunto de qualificações próprias que podem ser obtidas através de formação ou de experiência profissional. O trabalho também pode ser classificado como manual sempre que predomina o esforço físico, ou como intelectual, se o que sobressai é o esforço mental.

           População activa e inactiva
Nem todas as pessoas que fazem parte da população residente de um país trabalham ou estão em condições de trabalhar, para trabalhar em Portugal é necessário ter no mínimo 15 anos de idade e a escolaridade obrigatória. A população total de um país é composta pela população activa e a inactiva.

A população activa representa todos os indivíduos que desempenham actividades remuneradas ou os que, embora não estejam empregados nesse determinado momento, se encontram à procura de emprego. A população inactiva é composta por todas as pessoas que não desempenham actividades remuneradas incluindo os indivíduos com idade até 15 anos ou superior a 64 anos. Os estudantes, as donas de casa, os deficientes, os inválidos, as crianças, os reformados ou os pensionistas fazem parte da população inactiva.
A taxa de actividade aparece associada a estes conceitos, representando a percentagem da população total que é activa, ou seja, que trabalha ou que deseja trabalhar de forma remunerada. A taxa de actividade pode ser calculada em função de vários critérios como o género, o grupo etário ou a região.
                          Taxa de actividade = (População Activa: População Total) x 100

Desemprego
Os desempregados constituem a parte da população activa que não está empregada. Assim, podemos calcular a taxa de desemprego que indica a percentagem de população activa que está desempregada, isto é, os indivíduos que tendo condições e vontade de trabalhar não conseguem encontrar emprego


            O capital
 Existem várias acepções para o termo capital mas, geralmente, todas se relacionam com a posse de activos, isto é, com a propriedade de bens ou serviços que constituem riqueza. No sentido económico, a designação capital representa o conjunto dos meios utilizados na actividade produtiva. O capital não é um factor originário pois resulta de transformações que incorporam os outros factores produtivos: os recursos naturais e o trabalho.


           Tipos de capital
Designa-se por capital técnico o conjunto de bens que as empresas utilizam no decurso da sua actividade e que são necessários para a produção de outros bens. O capital técnico é composto pelo capital circulante e pelo capital fixo.
 O capital circulante engloba todos os meios de produção incorporados no processo produtivo de outros bens, que desaparecem por completo após a sua utilização como as matérias-primas e as matérias subsidiárias. A diferença entre os dois tipos de matérias é que as matérias-primas são bens totalmente incorporados nos produtos acabados como, por exemplo, a madeira utilizada no fabrico de mobiliário, enquanto as matérias subsidiárias, também desaparecem por completo no processo produtivo, mas não são incorporadas no produto final. Os combustíveis utilizados nas máquinas constituem um exemplo de matérias subsidiárias, pois extinguem-se totalmente, sem, contudo, serem incorporados no produto final.
O capital fixo corresponde ao conjunto dos meios de produção que podem ser utilizados várias vezes para o mesmo fim, como é o caso dos equipamentos, dos edifícios ou dos meios de transporte que as empresas utilizam para levar a cabo a sua actividade. No entanto, estes meios podem sofrer algum desgaste com o passar do tempo e com o uso. O consumo de capital fixo correspondente a esse desgaste deve ser periodicamente reposto através de investimentos de reparação ou substituição. Também se denomina o consumo de capital fixo como amortizações.
Denomina-se capital financeiro, o conjunto de meios financeiros utilizados pelas empresas para desenvolver a sua actividade. O capital financeiro é composto pelo capital próprio e pelo capital alheio
O capital próprio corresponde ao conjunto de meios financeiros que pertencem aos proprietários da unidade produtiva, sendo, por vezes, também designado como autofinanciamento. Neste caso, são os recursos dos próprios empresários que financiam a actividade da empresa, servindo, por exemplo, para adquirir as matérias-primas ou os equipamentos que vão permitir a produção de bens.
O capital alheio representa o conjunto de meios financeiros que, embora não pertençam à unidade produtiva, se encontram à sua disposição como, por exemplo, o crédito bancário. Em determinadas situações, as empresas financiam a sua actividade recorrendo ao capital de terceiros, sendo este cedido em troca de uma remuneração – o juro.
Existe outro tipo de capital, chamado capital humano, que é constituído pelas aptidões do Homem para o trabalho e que engloba a experiência profissional dos indivíduos, bem como, os conhecimentos que estes adquiriram ao longo da sua vida. O capital humano corresponde à soma dos investimentos de cada pessoa na aquisição de conhecimentos, sendo a maioria deste capital, adquirido em escolas e universidades. A grande vantagem da posse de um elevado capital humano é que, a qualquer momento, pode reverter em benefício do seu titular, nomeadamente, permitindo-lhe obter melhores empregos. O capital humano é valorizado sempre que há investimentos na formação ou na saúde dos recursos humanos.
Podemos falar ainda em capital natural, que corresponde ao conjunto de recursos naturais que se encontram disponíveis, em cada momento, num determinado local, seja este à escala regional ou planetária. O capital natural deve ser utilizado de forma racional não colocando em risco o desenvolvimento sustentável do planeta.

Actividade 5
1.     Apresente dois exemplos de capital fixo.
2.     Diga em que consiste o capital circulante.
3.     Distinga matérias-primas e matérias subsidiárias.
4.     Defina autofinanciamento.
5.     Dê uma noção de capital humano, explicando a importância da formação.
6.     Explique por que razão o capital natural deve ser utilizado de modo racional.
     
8.  Combinação dos factores de produção  

Para se produzir bens e serviços é necessário utilizar os factores de produção, mas o modo como estes são conjugados condiciona os resultados de uma unidade produtiva. Assim, para optimizar a sua produção devem ser analisadas as várias combinações possíveis de factores e, em seguida, escolher-se a melhor opção. Daremos, a partir de agora, especial atenção aos factores trabalho e capital.
É possível obter a mesma quantidade de um bem através de diferentes combinações: basta alterar as quantidades de cada factor de um modo ajustado, como, por exemplo, aumentar um número certo de máquinas (factor capital), reduzindo a quantidade adequada de trabalhadores (factor trabalho).
Os factores produtivos apresentam um conjunto de características que influenciam a forma como estes se podem combinar:
 - Substituibilidade: ocorre sempre que é possível trocar um factor por outro, que cumpra a mesma função. Por exemplo, quando um tractor passa a executar as tarefas do homem, está-se a substituir o factor trabalho pelo factor capital (tractor).
- Divisibilidade: consiste na possibilidade de decomposição de um factor em vários submúltiplos, podendo-se utilizar esse factor em doses maiores ou menores. As matérias-primas ou a energia são exemplos de factores divisíveis.
- Complementaridade: aplica-se nas situações em que o uso de um factor implica a utilização de outro. No exemplo do tractor, para este poder trabalhar era preciso ser conduzido pelo Homem, complementando-se desta forma os factores capital e trabalho.
No entanto, as características dos factores de produção podem alterar-se ao longo do tempo, pois o progresso tecnológico oferece novos produtos e novos processos produtivos, modificando as relações que se estabelecem entre os factores.
 Quando se estudam as combinações possíveis dos factores produtivos, também se deve ter em consideração o seu horizonte temporal, isto é, o tempo que é necessário para se poder proceder à alteração de um factor. Geralmente, classifica-se o tempo de implementação de uma mudança como sendo de curto prazo, quando se podem alterar apenas alguns factores, e de longo prazo, quando é possível modificar todos os factores. Quer isto dizer que nem todos os factores podem ser alterados no curto prazo, há factores que só podem ser modificados a longo prazo, pois dependem de um conjunto de circunstâncias que não é possível controlar. Quando se pretende aumentar a dimensão de uma empresa, normalmente é necessário ampliar as suas instalações, adquirir novos equipamentos, contratar mais recursos humanos, etc. Cada um destes factores necessita de um tempo diferente para ser alterado, pois, por exemplo, é mais demorado construir um edifício do que contratar trabalhadores.

Actividade 6
Leia a afirmação seguinte:
A função de produção é uma relação técnica que indica qual o montante máximo de produção que se pode obter com cada conjunto determinado de factores produtivos.
Paul A. Samuelson e William D. Nordhaus, Economia (adaptado)
1.   Elabore um comentário à afirmação anterior, tendo em atenção as diferentes possibilidades de combinação dos factores produtivos.
2.   Explicite as características dos factores produtivos.
3.   Justifique a necessidade de se levar em consideração o horizonte temporal, para efeitos da combinação dos factores produtivos.

 
9. Avaliação da eficácia da produção
A eficácia da combinação dos factores produtivos pode ser medida através da produtividade que é o indicador económico que permite calcular o valor de produção gerada por cada unidade de factor utilizada, isto é, traduz a relação entre o que se produz e o que se gasta para se obter essa produção.
A produtividade tanto pode ser calculada para o conjunto total de factores empregues, como para cada um dos factores em separado e também é possível efectuar os cálculos em termos físicos (quantidade) ou em termos monetários (valor). Apresenta-se, a seguir, a fórmula de cálculo da produtividade total em termos monetários.
Produtividade Total = (Valor da Produção/Valor dos factores produtivos) x 100

Quando pretendemos apurar o valor da produção obtida por um factor, calculamos a sua produtividade média em termos monetários através da fórmula:
Produtividade média de um factor = (Valor da Produção/Valor desse factor) x 100
Se o objectivo é determinar a quantidade de produto obtido por um factor, então, é preciso calcular a sua produtividade média em termos físicos fazendo:
            Produtividade média de um factor = (Valor da Produção/Quantidade desse factor) x 100
Outro conceito importante é o de produtividade marginal que permite medir o acréscimo de produção obtido cada vez que se adiciona uma unidade de factor produtivo, ou seja, o impacto de uma unidade suplementar de factor, capital ou trabalho, no resultado final. A produtividade marginal pode ser calculada do seguinte modo:
Produtividade marginal = (Acréscimo na quantidade produzida/Acréscimo do factor utilizado) x 100
No caso da produtividade marginal do trabalho, o rácio permite calcular o acréscimo de produção que se obteve pela utilização de mais um trabalhador / horas de trabalho.
Há, no entanto, alguns factores que são determinantes para o nível de produtividade. Por um lado, deve haver uma grande aposta na qualidade do trabalho através da valorização do capital humano e da adequação das condições de trabalho; por outro, é fundamental investir em investigação e desenvolvimento, desenvolver as infra-estruturas, utilizar máquinas e matérias-primas apropriadas e promover a eficiência da administração pública.
Em síntese, podemos afirmar que é possível aumentar a produtividade:

a) Aumentar a produção sem aumentar a quantidade de factores de produção utilizados, ou
  •  b) Produzir a mesma quantidade de bens, utilizando menos factores de produção utilizados
       Em síntese, podemos afirmar que é possível aumentar a produtividade:

           a) Aumentar a produção sem aumentar a quantidade de factores de produção utilizados, ou
           b) Produzir a mesma quantidade de bens, utilizando menos factores de produção

Medidas para melhorar a produtividade: 
a) Melhorar ao nível da organização de empresas;
b) Melhorar o modo como são aplicados os recursos tecnológicos;
c) Apostar na motivação e profissionalização dos trabalhadores.
 
Actividade 7
"Numa empresa com 100 trabalhadores e 10 máquinas, são produzidas mensalmente 500 unidades do bem X. Se a empresa contratar mais um trabalhador, mantendo-se todo o resto constante, a produção eleva-se para 509 unidades mensais"
Calcule a produtividade marginal do trabalho. 

LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES

De acordo com a Lei dos Rendimentos Decrescentes, quando se aumentam regularmente as quantidades de um factor (capital ou trabalho), mantendo o outro fixo, a partir de um certo ponto, a produção suplementar resultante desse aumento vai diminuindo progressivamente, isto é, os acréscimos de produção obtidos começam a ser cada vez menores – diminuição marginal da produção.
A melhor combinação possível dos factores é a que permite realizar a máxima produção através de uma eficiente utilização dos recursos. Ao analisarmos os factores produtivos de forma isolada, alterando apenas um de cada vez, podemos observar o modo como se processa a Lei dos Rendimentos Decrescentes. Vejamos agora um exemplo sobre a actividade de uma empresa que pretende determinar o número óptimo de trabalhadores se utilizar 3 máquinas. Neste caso considera-se que o capital é o factor fixo e que o trabalho é o factor variável.

 (Consultar a tabela fornecida nas aulas)

A quantidade produzida mensalmente aumentou sempre mas o ritmo desse aumento, representado pela evolução do produto marginal, começou a diminuir após ter atingido o seu valor máximo (140). Por isso, a quantidade de factor trabalho que permite obter a combinação óptima dos factores é 9 (trabalhadores), pois é quando regista o maior acréscimo de produção. A partir desse ponto os rendimentos começam a decrescer (veja-se que o produto marginal passa de 140 para 70, a seguir passa para 40 e, por fim, para 20).
Custos de produção
Quando encontramos um bem numa prateleira de um estabelecimento comercial, este já passou por uma grande quantidade de transformações. Para produzir aquele bem foi necessário suportar várias despesas, como, por exemplo, o custo das matérias-primas, a energia para as máquinas trabalharem ou os salários dos trabalhadores.
Os encargos com a produção de bens e serviços denominam-se custos de produção e representam o custo total (CT) que uma unidade produtiva tem de desembolsar para o desenvolvimento da sua actividade. Os custos de produção incluem os custos fixos e os custos variáveis.           
                              CUSTO TOTAL = CUSTOS FIXOS + CUSTOS VARIÁVEIS

Os custos fixos (CF) correspondem às despesas suportadas pela empresa, independentemente da quantidade de bens que produziu. Se por exemplo, tiver instalações arrendadas, terá de pagar o valor da renda, quer produza muito ou pouco, pois, mesmo que não produzisse nada durante algum tempo, este encargo tinha de ser pago. 
Os custos variáveis (CV) são os encargos que mudam em função das quantidades produzidas, isto é, quando as despesas aumentam à medida que aumenta o volume de produção. As matérias-primas são um exemplo disso, pois variam na mesma razão da produção: quanto maior for a produção maior é a sua utilização e o valor dos seus encargos. Podemos também calcular o custo unitário ou custo médio (CM) de cada unidade produzida.

                        CUSTO MÉDIO = (CUSTO TOTAL/ QUANTIDADE DE BENS)
Mas vejamos, através de um exemplo, como se comportam os custos conforme se vai aumentando a quantidade de bens que são produzidos. Podemos observar, no quadro que se segue, que os custos fixos não se alteram independentemente das quantidades produzidas. Por outro lado, sobem gradualmente os custos variáveis fazendo-se repercutir esse aumento no custo total. 
(Consultar a tabela fornecida nas aulas) 
A representação gráfica dos custos que se apresenta a seguir mostra, através da semelhança das suas formas, que a curva do custo total tem um comportamento idêntico ao da curva dos custos variáveis. Verifica-se também uma diminuição progressiva dos custos médios conforme vai aumentando a produção, o que acontece porque os custos variáveis se diluem por um maior número de bens. 

          (Consultar o gráfico fornecido nas aulas)
Outro conceito a salientar é o de custo marginal, que corresponde ao total de encargos acrescidos que é necessário suportar por cada unidade adicional produzida. 
No que respeita ao período de tempo necessário para introduzir alterações nos factores produtivos, podemos dizer que é diferente, conforme se trata de factores associados a custos fixos ou variáveis. Normalmente, os factores produtivos que constituem custos fixos só podem variar a longo prazo, enquanto as alterações relacionadas com os custos variáveis podem ser implementadas a curto prazo.

Actividade 8

1 - Explique em que consiste a Lei dos Rendimentos Decrescentes;
2 - Diga o que entende por combinação óptima dos factores de produção. 

                  Economias de escala
As empresas procuram constantemente reduzir os custos de produção para melhorarem as suas performances. Uma das estratégias para rentabilizar a sua actividade é aumentar a escala de produção, pois assim podem vender mais produtos e reduzir os seus custos unitários. No seu total, os encargos aumentam, mas reduzem-se em termos unitários, o que permite uma subida das margens de lucro sem prejudicar a competitividade dos preços no consumidor.
Uma economia de escala é a poupança que ocorre quando o aumento da dimensão de uma unidade produtiva provoca uma diminuição dos seus custos unitários. As economias de escala podem ser internas ou externas conforme têm origem dentro ou fora da empresa.
As empresas podem obter essas poupanças por vários processos como, por exemplo, o aumento da especialização do trabalho, de modo a melhorar a produtividade; o planeamento adequado da actividade, permitindo uma redução dos desperdícios dos recursos materiais e humanos; o aumento do poder negocial com fornecedores, assegurando melhores condições de compra; as parcerias e subcontratações de serviços de outras empresas, concentrando esforços para reduzir custos; a utilização de tecnologias mais eficientes, etc.
            No entanto, este aumento progressivo da dimensão da empresa pode, a partir de um certo ponto, gerar deseconomias de escala, isto é, a empresa aumenta tanto que os seus custos unitários começam a aumentar, tornando-se assim demasiado complexos os processos de gestão.



quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Produção de bens e serviços. Sectores de actividade económica. PIB

A produção de bens e serviços
Já vimos que os bens não aparecem na natureza na sua forma final, pois, quando os encontramos ainda não estão prontos para serem utilizados. Na maioria dos casos, os bens têm de ser transformados antes de se tornarem aptos a satisfazer as nossas necessidades. A produção é actividade humana que se encarrega de criar os bens e serviços necessários à satisfação das necessidades. Trata-se de uma actividade remunerada que combina os vários factores produtivos, gerando bens e serviços comercializáveis. Excluem-se assim deste conceito todas as actividades que, embora possam envolver a produção de bens e serviços, não sejam remuneradas, como o caso do trabalho doméstico prestado por cada indivíduo na sua residência.
Os bens são sujeitos a várias transformações antes de estarem em condições de serem utilizados. Observando o exemplo de um simples pão que consumimos ao pequeno-almoço, podemos constatar que para o obtermos, é necessário levar a cabo algumas transformações. Os cereais produzidos pelo sector agrícola são transformados em farinha que, por sua vez, se mistura com outros ingredientes, como a água ou o sal, sendo em seguida amassada e levada ao forno. O conjunto de etapas que as matérias-primas têm de percorrer até se tornarem produtos acabados aptos à satisfação de necessidades constitui o processo produtivo.
Os sectores de actividade económica
Nos anos quarenta, o economista Colin Clark decompôs a actividade económica em sectores, organizando assim as diversas actividades que conduzem à produção de bens e serviços. Segundo esta classificação, a actividade económica divide-se em três sectores: o sector primário, o sector secundário e o sector terciário.
No sector primário estão abrangidas as actividades relacionadas com a recolha dos bens que a Natureza disponibiliza como a pesca, a agricultura, a pecuária e a silvicultura.
No sector secundário estão englobadas as indústrias que transformam as matérias-primas fornecidas pelo sector primário. Inclui, por um lado, as indústrias ligeiras que se caracterizam por ter menos investimento e mais trabalho intensivo, como a indústria de calçado ou têxtil e, por outro, as indústrias pesadas de capital intensivo como a indústria do cimento, metalúrgicas, construção naval, produção de energia, etc.
No sector terciário estão compreendidas todas as actividades de prestação de serviços não abrangidas pelos outros sectores. O comércio, a banca, as seguradoras, os transportes, o turismo, a comunicação social, a educação, a defesa ou a justiça são exemplos de actividades que pertencem ao sector terciário.
No entanto, fala-se já na existência de um novo sector, o sector quaternário. Este sector surge associado à sociedade da informação, englobando as novas profissões resultantes da era digital em que vivemos e na qual, o acesso às tecnologias da informação e comunicação, é cada vez mais generalizado.
A classificação da actividade económica em sectores apresenta algumas vantagens como, por exemplo, detectar o contributo de cada sector na produção total de um país, permitir analisar a evolução e o dinamismo dos vários ramos de actividade, comparar os valores de um país com os de outros países e tirar conclusões acerca do seu nível de desenvolvimento.
. Valor da produção nacional - PIB
O valor da produção de um país representa a riqueza criada pelos seus agentes económicos durante um determinado período de tempo. Esse valor constitui um importante indicador do nível de desenvolvimento económico do país, pois permite analisar a sua evolução em diferentes períodos de tempo, bem como, efectuar comparações com outros países.
Um dos principais agregados que se utiliza para determinar o valor da produção de uma nação é o Produto Interno Bruto (PIB):
- O Produto (P) de uma nação é o valor que é gerado, ao longo de um determinado período de tempo, por todas as unidades produtivas e que representa a riqueza criada
- O Produto designa-se Interno (I) quando é realizado em território económico nacional, por agentes nacionais ou por agentes estrangeiros residentes em território nacional há mais de um ano.
- O Produto considera-se Bruto (B) quando inclui o valor das amortizações que correspondem aos encargos que é necessário suportar com as reparações e substituições de capital fixo como, por exemplo, máquinas ou outros equipamentos.
O PIB representa então o valor total de bens e serviços de consumo final que são produzidos num determinado território económico, durante um certo período de tempo.
Para se calcular o valor da produção de um país é possível fazê-lo por dois processos diferentes. Pode-se calcular o Produto tendo em atenção o valor acrescentado gerado pelas unidades produtivas, ou então, apurando o valor total das vendas dos produtos finais de todos os agentes.
Seguindo o método dos valores acrescentados, apenas se apura o valor do que foi efectivamente gerado, isto é, o que foi criado de novo durante o período em análise. O valor acrescentado é o valor adicional que é gerado em cada processo produtivo e que representa a riqueza efectivamente criada por cada unidade produtiva. As empresas acrescentam valor quando transformam as matérias-primas em produtos acabados, pois o valor que é atribuído aos bens após de terem sido transformados, é superior ao valor dos vários elementos que os compõem.
O valor acrescentado de cada unidade produtiva calcula-se subtraindo o valor das suas vendas, pelo valor das compras como os encargos com a aquisição de matérias-primas e produtos intermédios – os designados consumos intermédios. Quando se somam os valores acrescentados de todos os agentes de uma economia, obtém-se o valor da produção dessa nação.
VA = valor das vendas - valor das compras (consumos intermédios)
PIB = somatório dos VA de todas as unidades produtivas
Pelo método dos produtos finais, apenas se consideram os bens de consumo final, para efeitos de cálculo. Assim, só se contabilizam os bens que já não vão sofrer mais transformações, isto é, aqueles que se destinam aos consumidores finais. 
PIB = valor das vendas de produtos finais de todas as unidades produtivas