sábado, 29 de janeiro de 2011

A sociedade de consumo: consumerismo, direitos e deveres

Inovação tecnológica
Além do nível de rendimento dos consumidores e dos preços dos bens, a inovação tecnológica é outro factor de que depende o consumo, pois cria e desenvolve permanentemente bens e serviços que geram novas necessidades nos consumidores, levando-os a consumirem mais. Por outro lado, este progresso faz reduzir o consumo de alguns bens, daqueles que rapidamente se tornam obsoletos ao serem substituídos pelos novos.
Actualmente, vivemos na era da tecnologia, surgindo a todo o momento novos produtos, assim como se assiste à melhoria dos já existentes. O ritmo das invenções é de tal modo acelerado que, frequentemente, um produto novo é ultrapassado por outro num curto espaço de tempo. Os produtos que incorporam tecnologia são os mais abrangidos por esta constante corrente de inovação.

Actividade 21
1 - Explicite o papel que a inovação tecnológica tem sobre o consumo;
2 - Apresente alguns exemplos da influência que a inovação tecnológica exerce sobre o consumo.

Factores extra-económicos

Os factores extra-económicos que influenciam o consumo são de natureza sociocultural sendo os principais: a moda, a tradição, a publicidade, os modos de vida e a estrutura etária dos agregados familiares.

Moda

Nas últimas décadas assistiu-se a uma grande redução do ciclo de vida dos produtos. Anteriormente, a maior parte dos bens que as pessoas adquiriam duravam muito tempo, pois eram produzidos valorizando qualidades como a durabilidade e a robustez. Hoje em dia, as empresas decidem estrategicamente criar produtos que não são destinados a durar muito tempo. As questões de estética e as características técnicas trazem novidades que levam os consumidores a desejar trocar produtos, ainda perfeitamente capazes de cumprirem as suas funções, por outros com novo design ou novas competências.

O vestuário, o calçado e a maioria dos objectos de uso pessoal são os principais alvos da moda. Muitos destes objectos são intencionalmente criados com design acentuado, de modo a marcar uma época, caindo em desuso ao fim de algum tempo.

Tradição

Outro factor que influencia o consumo é a tradição. Em determinadas épocas do ano, como o Natal ou a Páscoa, verifica-se um acréscimo de consumo, pois as pessoas têm o hábito de celebrar estas festas oferecendo presentes e confeccionando iguarias típicas. Mas existem outras ocasiões festivas em que o consumo de bens aumenta e que são exploradas pelo comércio através da publicidade, como, por exemplo, o Dia de S. Valentim ou, mais recentemente, o Dia das Bruxas. Também existem tradições regionais como a gastronomia ou o fabrico de artesanato, que atraem turistas e cujo consumo dinamiza a actividade económica local.
Publicidade
As técnicas de venda e a publicidade são utilizadas de forma bastante intensa para aumentar a propensão ao consumo. Existem muitas técnicas para levar os consumidores a comprar mais, desde os eficazes anúncios publicitários, passando pelo design, às embalagens, pela disposição dos produtos nos locais de venda ou a facilidade de pagamento com que são disponibilizados.
A globalização, ao aproximar todos os povos, gera a convergência das práticas de consumo em todo o planeta. Podemos facilmente aceder aos mesmos bens e serviços independentemente de estarmos na Europa ou em qualquer outro continente, pois é possível comer um Big Mac da Mcdonald’s na Alemanha ou na Guatemala.
Modos de vida

Estrutura etária dos agregados familiares

Estrutura etária dos agregados familiares
A composição do agregado familiar também pode determinar o consumo, pois é muito diferente o consumo de uma família composta por um jovem casal com filhos pequenos ou o de outra cujos membros são um casal de reformados. Assim, quer a idade dos membros da família quer o número de elementos que a compõem são factores relevantes para o tipo de consumo praticado. Será provável, por exemplo, que uma família mais jovem dedique uma maior parcela do seu rendimento à aquisição de produtos que incorporem novas tecnologias. Por outro lado, o consumo de bens associados a lazer normalmente é menor em famílias grandes, pois é preciso repartir o rendimento por muitos elementos.

A sociedade de consumo
O conceito de sociedade de consumo surge após a Revolução Industrial com o desenvolvimento das técnicas de produção, que deram origem à produção em massa, isto é, a produção em série de grandes quantidades de bens. Mas o aumento da capacidade produtiva levantou um problema aos empresários: como fazer escoar as grandes quantidades de produtos que agora era possível fabricar. A solução era criar novas necessidades nos consumidores contribuindo para isso de forma decisiva a publicidade, o marketing, as técnicas de venda, as facilidades de pagamento e outras actividades semelhantes.
O consumidor, sendo alvo de um grande conjunto de técnicas persuasivas, tornou-se um destinatário passivo do consumo, numa época em que se consome o que é produzido (ao invés de se produzir aquilo que é necessário consumir).
A sociedade de consumo caracteriza-se então pela abundância de bens duradouros permanentemente colocados à disposição de todos os consumidores. O consumo passa a ocupar um lugar central na vida dos indivíduos. Na sociedade contemporânea a posse de bens é sobrevalorizada, sendo as pessoas avaliadas muitas vezes em função dos bens materiais que possuem. É a era dos produtos descartáveis, do “usa e deita fora” que leva constantemente os consumidores a substituir bens em perfeitas condições de utilização por outros mais recentes.
O aumento da quantidade de bens produzidos representa uma vantagem para os consumidores, pois a necessidade de escoamento dos produtos leva a uma redução dos seus preços. Mas, por outro lado, a massificação do consumo e a facilidade de acesso aos bens induzem ao consumismo, isto é, um conjunto atitudes e comportamentos que conduzem a consumos irracionais e imprevistos. São situações em que as pessoas agem por impulso, consumindo, de forma irreflectida, bens que não necessitam.
O crédito e as facilidades de pagamento contribuem muito para a existência de consumos indiscriminados, pois os bens ficam à disposição das pessoas antes de ser efectuada a totalidade do seu pagamento. Nas últimas décadas, o crédito concedido aos particulares aumentou bastante, dando origem a uma situação de sobreendividamento de uma grande parte das famílias portuguesas. Em muitos casos a situação é dramática, porque o rendimento disponível não é suficiente para fazer face às dívidas contraídas.
O consumismo também tem como consequência a degradação ambiental, pois a produção massiva de bens exige que se mantenham em actividade muitas indústrias em todo o planeta, originando a poluição. Por outro lado, o uso excessivo dos recursos naturais não permite a sua reposição natural, o que também provoca danos no ambiente.

Actividade 22

1 - Dê uma noção de sociedade de consumo;
2 - Apresente o conceito de consumismo, indicando algumas das causas do seu aparecimento;
3 - Relacione o consumismo com a degradação ambiental

Consumerismo e o movimento dos consumidores
Um movimento de cariz social composto por indivíduos e instituições procura promover práticas de consumo equilibradas, de forma a evitar os comportamentos desviantes característicos do consumismo. Denomina-se por consumerismo o conjunto de acções levadas a cabo por esse movimento e que têm como objectivo a defesa dos interesses dos consumidores.

O consumerismo privilegia a informação e a educação dos consumidores, levando-os a agir de forma consciente e racional. As acções de sensibilização empreendidas pelos consumeristas permitem o reconhecimento da responsabilidade social dos consumidores, que exige uma utilização criteriosa dos recursos naturais, consubstanciada num consumo ético e responsável, de modo a promover o desenvolvimento sustentável do planeta.
Direitos e deveres dos consumidores
Segundo a Lei de Defesa do Consumidor, é consumidor o destinatário de bens, da prestação de serviços ou da transmissão de direitos destinados a uso não profissional, por pessoa que exerça a título profissional uma actividade económica que vise a obtenção de benefícios.
Os principais direitos consagrados na lei portuguesa são:
- o direito à qualidade dos bens e serviços
- o direito à protecção da saúde e segurança física
- o direito à formação e educação para o consumo
- o direito à protecção dos interesses económicos
- o direito à prevenção e reparação de danos
- o direito à protecção jurídica e a uma justiça acessível e pronta
- o direito à participação, por via administrativa, na definição legal ou administrativa dos seus direitos e interesses.

O facto de pertencermos à União Europeia assegura uma protecção adicional aos consumidores. A União Europeia defende os interesses dos consumidores, independentemente do Estado-membro em que se encontrem, e para isso definiu dez princípios básicos:
1)     Compre o que quiser, onde quiser
2)     Se não funciona, devolva
3)     Elevadas normas de segurança para géneros alimentícios e outros bens de consumo
4)     Saiba o que come
5)     Os contratos devem ser justos para os consumidores
6)     Por vezes, os consumidores podem mudar de opinião
7)     Facilitar a comparação de preços
8)     Os consumidores não devem ser induzidos em erro
9)     Protecção durante as férias
10)   Vias de reparação eficazes em caso de litígios transfronteiriços

Por outro lado, como os consumidores são agentes com responsabilidade social, também devem assumir um conjunto de deveres, nomeadamente:
- terem uma consciência crítica, informando-se sobre o que estão a comprar em cada momento e analisando a relação preço-qualidade dos bens e serviços em questão;
- serem capazes de agir e reclamar quando é necessário, evitando a indiferença perante situações abusivas;
- terem uma preocupação social, particularmente com os mais desfavorecidos;
- terem consciência ambiental, compreendendo o impacto das suas práticas de consumo no ambiente e a necessidade de protecção dos recursos naturais;
- o dever de solidariedade, entendendo a interligação das acções individuais e que os actos de cada um podem prejudicar todos.  


Actividade 23
1. Diga quais são os principais direitos dos consumidores que aparecem consagrados na lei.
2. Leia com atenção o texto seguinte:
E se comprar um televisor novo que se avaria imediatamente? De acordo com a legislação da UE, caso adquira um produto que não cumpre o contrato que celebrou com o vendedor na altura da compra, pode devolvê-lo, a fim de ser reparado ou substituído. Em alternativa, pode solicitar um desconto ou o reembolso total do seu dinheiro. O princípio é válido até dois anos após a entrega do produto. E, nos seis primeiros meses após a entrega, é da responsabilidade do vendedor – e não do comprador – provar que o produto vendido cumpria as cláusulas do contrato de venda.
O princípio de que o produto tem de “cumprir as cláusulas do contrato de venda” protege-o igualmente na eventualidade de o produto não corresponder à compra que fez. Por exemplo, se comprou uma peça de mobiliário antigo e o que recebe é uma reprodução, pode devolver o artigo.
Identifique o princípio da União Europeia mencionado no texto, explicando em que consiste.
3. Explicite o dever do consumidor ter uma consciência ambiental. 
4. Diga o que entende por dever de solidariedade do consumidor.
5. Procure recolher informação sobre direitos e deveres dos consumidores, nomeadamente, através da consulta dos sites seguintes:
- www.deco.proteste.pt

domingo, 23 de janeiro de 2011

Comércio sem ponto de venda

Comércio sem ponto de venda
Os métodos de venda também têm evoluído bastante ao longo dos tempos, tendo as novas tecnologias desempenhado um papel fundamental no que respeita às vendas à distância (ou venda sem loja), isto é, a comercialização de produtos sem a existência de um estabelecimento comercial. Segundo esta fórmula, os produtos são apresentados aos potenciais compradores através de brochuras ou spots publicitários e adquirem-se por intermédio de meios de comunicação. Vimos já algumas das principais formas de comércio que se desenvolvem com a existência de estabelecimentos de venda fixos, vejamos agora algumas modalidades de distribuição sem pontos de venda fixos: 
 Marketing directo, modalidade de distribuição pela qual os produtos são divulgados e apresentados através de meios como o telefone, o correio, a televisão ou um catálogo, como acontece, por exemplo, com as vendas por catálogo da La Redoute ou as televendas.
Venda automática (ou vending) em equipamentos dispensadores de produtos mediante um pagamento. A título de exemplo, podemos referir as máquinas de bebidas, de chocolates ou de bilhetes que, geralmente podemos encontrar em locais de acesso público como estações de transportes públicos, escolas, cinemas ou hospitais
Comércio electrónico (ou cibervenda), que disponibiliza os bens que são
encomendados pela Internet. Através da Internet, os consumidores podem aceder às
páginas electrónicas dos seus fornecedores e escolher os bens que desejam adquirir,
bem como, o método de pagamento e de recepção das suas encomendas, permitindo
assim, que a venda se concretize de forma bastante cómoda.
· Venda directa, cuja concretização, habitualmente, se faz no domicílio do comprador ou
noutro local semelhante. De acordo com esta modalidade de venda, os produtos são
apresentados aos potenciais compradores através de reuniões sociais, realizadas na sua
própria casa, como acontece, por exemplo, com o robot de cozinha Bimby

 
Actividade 16
1.  Diga o que entende por vendas à distância, explicando algumas das suas vantagens.
2.  Explique em que consiste o marketing directo.
3.  Leia com atenção o texto que se segue:
Italian Time é uma gama completamente nova de distribuidores automáticos, muito completa em termos de capacidade e dimensões, com inovações ao nível do design e dos produtos, onde a tecnologia surge em completa harmonia com o excelente design italiano. Trata-se de uma gama de distribuidores automáticos completamente renovada, na vanguarda do mercado do vending, quer pela variedade de aplicações, quer pelas suas características técnico-funcionais. A nova linha é composta por máquinas automáticas de café, bebidas quentes, bebidas frias e snacks. Criámos também soluções combinadas, com o objectivo de cobrir todos os segmentos e necessidades do mercado: máquinas pequenas, médias, grandes, semi-automáticas e totalmente automáticas.
www.saeco-vending.com
Explique a modalidade de venda à distância que é referida no texto.
4.  Elabore uma lista com alguns dos equipamentos de venda automática que consegue encontrar na sua localidade.
5.  Apresente as principais vantagens do comércio electrónico, explicando a forma como este tem vindo a revolucionar o universo das vendas à distância.
6.  Procure informar-se sobre os eventuais perigos da utilização desta modalidade de venda, nomeadamente, os que se relacionam com algumas formas de pagamento e com a protecção de dados.

Etapas do processo de venda

A concretização de uma venda é o culminar de um processo que envolve um grande número de acções. Quando um cliente é recebido num ponto de venda, antes de lhe serem apresentados os produtos que poderá eventualmente adquirir, os empresários já tomaram inúmeras decisões como, por exemplo, as que dizem respeito à escolha do local do estabelecimento, a decoração, o tipo de produtos, a forma de os apresentar na loja e a quantidade a manter em armazém, o horário de funcionamento, o tipo de atendimento e muitas outras. Assim, podemos dizer que é fundamental para o sucesso de um negócio haver um profundo conhecimento, não só do negócio em si, mas também do tipo de clientela e suas particularidades. 
 
Numa primeira fase o cliente é acolhido no ponto de venda. Este acolhimento deve ser feito, tendo em atenção, o tipo de negócio de que se trata. Num stand de automóveis de gama elevada, os clientes geralmente consideram o atendimento personalizado, essencial para a concretização da compra, enquanto, num hipermercado, os clientes provavelmente valorizarão mais, a rapidez do atendimento, por exemplo. A recepção do cliente deve ser efectuada de acordo com a estratégia da empresa, mas sempre de modo a permitir criar uma relação de confiança. Nessa altura, o vendedor deve ser capaz de escutar activamente o seu cliente e procurar apurar quais as suas necessidades, pois um processo de decisão de compra inicia quando o cliente toma consciência de que tem determinada uma necessidade.
Num momento posterior, o vendedor deve apresentar os produtos que poderão interessar ao cliente, esclarecendo todas as dúvidas que este possa ter e fornecendo toda a informação pertinente. Nesta etapa, o vendedor deve expor ao seu interlocutor as qualidades e características dos produtos de forma a criar interesse na sua aquisição. Nessa altura, também devem ser dadas todas as informações sobre preços e formas de pagamento.
Terminada a apresentação e eventuais esclarecimentos adicionais, o vendedor deve procurar fazer o chamado fecho da venda, que é a parte final desta etapa e que corresponde à efectiva concretização, ou não, da venda em si. 
Quando a venda é concretizada, a empresa deve assegurar que se faz um acompanhamento a posteriorifollow-up.
Numa fase pós-venda, é importante dar atenção às eventuais reclamações que possam ocorrer e, nos casos em que é possível, também é aconselhável efectuar um contacto com o cliente de modo a determinar o seu grau de satisfação em relação ao produto adquirido.

Actividade 17
1.  Explique a necessidade de se efectuar um acolhimento ao cliente de acordo com o tipo de negócio praticado em cada empresa.
2.  Justifique a importância de os vendedores criarem laços de confiança com os seus clientes.
3. Contacte alguns estabelecimentos comerciais da sua região e procure obter informação sobre o acompanhamento pós-venda que efectuam aos seus clientes, nomeadamente, o modo como tratam as suas reclamações.
 Consumo 
O acto de consumir faz parte do nosso dia-a-dia, estamos a consumir sempre que bebemos um sumo, utilizamos água para lavar a louça ou ligamos a televisão. O consumo é um importante indicador económico, que nos permite tirar conclusões sobre o nível de desenvolvimento de um país. 
Através do consumo satisfazemos necessidades que, por sua vez, vão dando lugar a outras à medida que são eliminadas. O consumo define-se então como a utilização de bens ou serviços com o objectivo de satisfazer necessidades.

O consumo também pode ser classificado de acordo com vários critérios:
- quanto à sua abrangência;
- quanto à sua função;
- quanto à natureza do agente;
- quanto à natureza da necessidade.

Segundo o critério da abrangência o consumo divide-se em individual e colectivo, conforme o número de pessoas a que respeita. O consumo individual é o consumo associado à satisfação das necessidades pessoais de cada indivíduo, como acontece, por exemplo, com a compra de vestuário que é feita de acordo com o gosto e o estilo pessoal do seu consumidor. Ao contrário do anterior, o consumo colectivo relaciona-se com a satisfação das necessidades de um conjunto de pessoas. Constituem exemplos deste tipo de consumo a utilização dos serviços de hospitais, de escolas e das vias públicas.
 
No que respeita ao critério da função, o consumo reparte-se em intermédio e final, consoante é relativo a bens de produção ou de consumo final. O consumo intermédio representa o consumo de bens que, embora já tenham sido transformados, ainda vão ser incorporados no processo de fabrico de outros, como o uso de farinha para o fabrico de pão. O consumo final corresponde ao consumo dos bens que já foram totalmente transformados e que estão em condições de serem utilizados pelo consumidor final, como, por exemplo, a utilização de champô ou o consumo de um gelado.
De acordo com o critério da natureza do agente, o consumo classifica-se como público ou privado, se é realizado pelo Estado ou por agentes particulares. O consumo público é aquele que é efectuado pela Administração Pública como, por exemplo, todos os gastos com os tinteiros das suas impressoras ou o material de escritório (papel, agrafos, esferográficas, etc.) que utiliza. O consumo privado engloba todos os consumos suportados pelos agregados familiares e por entidades particulares, como, por exemplo, o consumo de electricidade das famílias ou das empresas privadas.
Relativamente à natureza da necessidade, podemos ter consumo essencial ou supérfluo, dependendo do grau de importância da necessidade que lhe está subjacente. O consumo essencial diz respeito à satisfação das necessidades básicas dos indivíduos. Podemos referir, a título de exemplo, que o consumo de alimentos é fundamental para satisfazer a necessidade vital da alimentação. Quanto ao consumo supérfluo, incide sobre os bens e serviços que não são essenciais à vida humana, como, por exemplo, o consumo de produtos de cosmética. Esta classificação está directamente relacionada com o tipo de necessidade que o consumo permite saciar, pois quanto mais importante for a necessidade para a sobrevivência do Homem, mais essencial se considera o consumo a que ela está associada.
 
Actividade 18
1.  Classifique os seguintes actos de consumo, de acordo com os critérios da abrangência e da natureza da necessidade:
- A Maria comprou um CD da Beyonce ;
- O João foi a uma consulta no hospital.
2. Classifique os actos de consumo que se seguem, tendo em atenção os critérios da função e da natureza do agente:
- O Junta de Freguesia adquiriu dois computadores;
- O marceneiro da escola adquiriu madeira para fazer uma cómoda para sua casa.  
 
Relatividade dos padrões de consumo – factores explicativos
 
Os actos de consumo apresentam alguns padrões, de acordo com o tipo de consumidores que os pratica. O estatuto social dos indivíduos ou a sua categoria profissional podem dar origem a consumos padronizados, isto é, cada grupo homogéneo de consumidores apresentar comportamentos de consumo semelhantes.

Mas o consumo é condicionado por muitos factores. Por um lado, há factores de carácter económico – os factores económicos, e por outro, existem factores de natureza social ou cultural – os factores extra-económicos
Factores económicos

 Os principais factores de natureza económica que exercem influência sobre o consumo subdividem-se em três categorias: o rendimento dos consumidores, o nível de preços dos bens e serviços e a inovação tecnológica.
Rendimento dos consumidores
Facilmente se compreende que um dos principais factores que influenciam o consumo é o rendimento dos consumidores, pois, geralmente, uma mudança no seu nível de rendimento traduz-se numa variação do consumo. Acontece, frequentemente, os agregados familiares passarem a consumir mais após o seu rendimento ter aumentado e vice-versa, ou seja, diminuírem o consumo quando o seu rendimento baixa.

 No entanto, o nível de rendimento de uma família não afecta de igual modo os seus diversos tipos de consumo. Normalmente, uma alteração no rendimento repercute-se de forma diferente, conforme se trata do consumo de bens essenciais ou supérfluos. Em princípio, um agregado familiar cujo nível de rendimento diminuiu procurará reduzir primeiro os gastos com bens supérfluos, pois não são indispensáveis à sua sobrevivência. Se for possível, aquela família tentará manter o nível de consumo relativamente aos bens essenciais, podendo, para reduzir custos, eventualmente passar a adquirir produtos de primeira necessidade com qualidade inferior (e, portanto, mais baratos).
Assim, é fundamental proceder à análise da estrutura do consumo de cada família, isto é, o modo como os agregados familiares distribuem, em cada momento, os seus rendimentos pelas diversas classes de despesas. A estrutura de consumo de uma família reflecte o seu nível de vida.
A forma como cada família utiliza o seu rendimento nunca é igual, mas há alguns fenómenos que ocorrem com uma certa regularidade. No século XIX, Ernst Engel dedicou-se ao estudo dos padrões de consumo das famílias em relação ao seu rendimento. Uma das conclusões a que chegou foi que, à medida que o rendimento aumenta, diminui a percentagem do rendimento total gasta com bens de primeira necessidade (embora possa ser maior a quantidade de moeda despendida em alguns desses bens). Isto é, quanto maior é o rendimento, menor é a proporção destinada às despesas com bens elementares.
Importa salientar que, normalmente, numa situação de acréscimo de rendimento, apesar de diminuírem as despesas com bens essenciais em termos relativos (isto é, percentualmente), é provável que o valor absoluto destas despesas aumente. Em princípio, esse agregado familiar deverá gastar mais em produtos de natureza básica, pois, com certeza, passará a adquirir bens de qualidade superior – é o efeito-qualidade. Nesse caso, o que diminui é a percentagem de consumo de bens essenciais em função do orçamento familiar, ou seja, do conjunto total de despesas.

Neste contexto, convém então analisar o conceito de coeficiente orçamental, que traduz a importância relativa (percentual) de uma rubrica de despesa quando comparada com o valor total das despesas. Assim:

 Coeficiente orçamental = (Valor da classe de despesa/ Valor total das despesas) x 100 

 
Para facilitar a compreensão deste conceito, apresentamos adiante um quadro com a evolução da estrutura de consumo de um agregado familiar. No exemplo apresentado, o rendimento do agregado familiar aumentou 1000 euros do primeiro para o segundo ano. Se analisarmos as variações em termos absolutos (valor das despesas em euros) e em termos relativos (coeficientes orçamentais), podemos constatar que são bastantes diferentes. Por exemplo, no caso da classe alimentação e bebidas, apesar de ter ocorrido um aumento de 160 euros (400 – 240) em termos absolutos, houve uma diminuição de 15% (40% - 25%) do total despendido naquela categoria, ou seja, em termos relativos. Já nas categorias de lazer e cultura e outros bens e serviços, quer o valor da despesa em euros quer o coeficiente orçamental evoluíram no mesmo sentido – ambos aumentaram bastante – passando estas classes a ocupar um peso importante no conjunto total de despesas.  
(Consultar tabela fornecida nas aulas)
Actividade19
Observe com atenção a estrutura de consumo da Família Lopes:
Classes de despesa
Despesas
(em euros)
Alimentação e bebidas
350
Vestuário e calçado
112
Habitação
266
Transportes e comunicações
196
Lazer e cultura
168
Outros bens e serviços
308
Total
1400

1.  Determine os coeficientes orçamentais de cada rubrica, apresentando todos os cálculos efectuados.
Sabendo que a Família Lopes viu o seu rendimento aumentar para o valor de 400 euros, explique quais as prováveis alterações que ocorreram na sua estrutura de consumo.

Nível de preços
Outro factor que condiciona muito o consumo é o nível geral dos preços dos bens, pois quando os preços aumentam e o nível de rendimento não acompanha esses aumentos, as famílias perdem poder de compra e vêem-se obrigadas a reduzir o seu consumo.
Em determinados casos, quando apenas ocorreram variações nos preços de alguns produtos, os consumidores tentam substituir o consumo dos seus bens habituais por outros, os chamados bens sucedâneos ou substituíveis, que cumprem a mesma função mas são mais baratos.
Outro caso diferente é o dos bens complementares, que se caracterizam por funcionar em conjunto necessitando uns dos outros para cumprir as suas atribuições e por isso, geralmente, o aumento do preço de um provoca uma diminuição do consumo de ambos.
 Nas situações em que o aumento do preço de um bem leva à sua substituição por outros mais baratos verifica-se o efeito-substituição e está-se perante o efeito-rendimento, quando o aumento do preço de um bem provoca uma redução da sua quantidade de consumo.

Efeito-rendimento e efeito-substituição
Efeito-rendimento e efeito-substituição representam duas soluções alternativas para um agente económico colocado em certas situações. Tomemos primeiro o caso de um consumidor que dispõe de um rendimento constante e que deve rectificar a sua escolha de consumo quando o preço de um bem que ele deseja varia. Uma subida do preço deste bem corresponderia, se ele continuasse a desejar adquiri-lo, a uma diminuição do seu poder de compra. Este consumidor tem pois a opção entre comprar uma quantidade inferior deste bem (é o efeito-rendimento, que diz respeito à evolução desta grandeza ou, aqui, do seu poder de compra) ou substituir este bem por outros cujos preços não se alteraram (é o efeito-substituição, consequência de uma variação dos preços relativos).
O aumento do preço de um bem pode portanto conduzir a uma diminuição da procura, mais ou menos acentuada consoante a acção combinada destes dois efeitos.
Jean-Yves Capul – Olivier Garnier, Dicionário de Economia e de Ciências Sociais (adaptado)
 
Actividade 20
1.   Explique qual o impacto de um aumento do nível geral dos preços dos bens sobre o consumo de uma economia.
2.   Diga o que acontece ao consumo de um bem, quando aumenta o preço de um sucedâneo.
3. Clarifique os conceitos de efeito-rendimento e efeito-substituição, tendo em atenção o texto anterior.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Comércio e distribuição

A maioria dos bens que utilizamos no dia-a-dia foi produzida num local muito distante de nós. Depois de serem produzidos, normalmente, os bens ainda têm de percorrer um longo caminho até serem consumidos. A distribuição é a actividade que estabelece uma ponte de ligação entre a produção e o consumo, abrangendo o conjunto de operações que fazem deslocar os produtos desde a fase inicial da sua produção até às mãos do comprador. O comprador tanto pode ser o consumidor final como outro utilizador, conforme os bens adquiridos já se encontrem totalmente transformados (bens de consumo) ou se ainda vão ser incorporados noutros processos de fabrico (bens de produção).
A distribuição engloba as actividades que permitem ultrapassar os entraves às trocas comerciais e que lhes acrescentam valor, como a logística e o comércio. A logística compreende, genericamente, todas as operações relacionadas com o transporte e armazenamento das mercadorias, nomeadamente, a sua deslocação até aos entrepostos comerciais, a recepção e conferência, o controlo de qualidade, devoluções e, finalmente, a entrega dos produtos aos postos de venda. O comércio é a actividade intermediária de troca que ajuda os produtores a escoarem os seus produtos permitindo, por outro lado, que os consumidores tenham acesso aos bens que desejam.
Estas actividades complementam-se e aumentam a utilidade dos bens na medida em que os colocam à disposição dos seus compradores. Desta forma, os consumidores têm acesso às quantidades de bens que necessitam em locais próximos de si. A distribuição assume um papel importante na aproximação das diferentes regiões do país e até do mundo, contribuindo para o desenvolvimento das zonas mais atrasadas.
Mas o caminho que os bens percorrem, desde o produtor até ao consumidor final, pode ser mais ou menos extenso de acordo com o número de intermediários que intervêm no processo. Os intermediários dos circuitos de distribuição podem ser grossistas (ou armazenistas) ou retalhistas. Os grossistas ou armazenistas são os comerciantes que compram aos produtores grandes quantidades de bens, que são armazenados para posteriormente serem revendidos em quantidades menores. Os retalhistas são os comerciantes que adquirem aos grossistas produtos que se destinam a ser vendidos em quantidades fraccionadas aos consumidores finais.
Actividade 13
Repare-se que, por logística, ou sinónimo, se entende sempre a gestão de um conjunto de actividades integradas, capazes de coordenarem com êxito fluxos físicos e informacionais de uma origem até um destino (das matérias-primas ao consumidor final, por um lado, e dos produtos e/ou embalagens não utilizados, entre outros, até à sua reciclagem e aproveitamento, por outro), de maneira a servir de forma global - serviço total - os públicos pertencentes aos vários mercados-alvo. (Logística. Carvalho & Rousseau (adaptado de: www.spi.pt)

1.  Explique o que é a distribuição, indicando as principais actividades que a compõem.
2.  Diga o que entende por logística, tendo em atenção o texto.
3.  Procure recolher mais informações sobre operações de logística realizando contactos com empresas grossistas.
4.  Elabore uma lista com alguns exemplos de retalhistas que conheça.  



          Circuitos de distribuição

Habitualmente, existem três canais de distribuição, que se classificam como circuito ultracurto (ou directo), circuito curto ou circuito longo. O circuito ultracurto caracteriza-se por estabelecer uma ligação directa entre o produtor e o consumidor final, eliminando-se, assim, qualquer intermediário no processo de distribuição. Neste tipo de circuitos, o fabricante desempenha o papel de grossista e retalhista. As vendas por correspondência, como o Círculo de Leitores, são um dos exemplos.

O circuito curto caracteriza-se pelo produtor assumir o papel de grossista (ou armazenista), vendendo os seus produtos ao retalhista, que, por sua vez, os comercializa ao consumidor final. Este circuito é frequente em casos como os hipermercados.



           

O circuito longo é o circuito clássico no qual o produtor vende os seus bens ao grossista (ou armazenista), que, seguidamente, os revende ao retalhista que é quem finalmente comercializa os bens ao consumidor final.  
No entanto, existem vantagens e desvantagens em todos os tipos de circuito pois, por um lado, se a existência de mais intermediários permite alargar a divulgação dos produtos, fomentando o aumento das vendas, por outro, também gera custos de intermediação que levam ao aumento do preço dos bens. Quando se eliminam intermediários, os custos diminuem, mas, nestas circunstâncias, os produtos não são divulgados a tantos consumidores. Cada unidade produtiva deve então pesar os prós e os contras e decidir qual a estratégia de distribuição mais adequada.
Actividade 14
1.  Identifique quais os tipos de circuito de distribuição que se operam nos casos seguintes:
- Equipamento dispensador de bebidas;
- Mercearia local.
2. Apresente mais exemplos de cada um dos circuitos de distribuição.


Formas de comércio
Actualmente existem várias formas de comércio, pois o aumento da concorrência e o ritmo da evolução tecnológica levaram os comerciantes a diversificar as estratégias de escoamento de produtos. A constante procura de uma redução de custos e as tecnologias da informação e comunicação têm contribuído para alterar o formato dos serviços relacionados com o comércio. A globalização e a mundialização das trocas também vieram revolucionar a lógica deste tipo de negócios. Habitualmente, a actividade comercial apresenta-se configurada num dos três segmentos seguintes:
- Comércio independente
- Comércio associado
- Comércio integrado (ou organizado)
O comércio independente caracteriza-se como um segmento de natureza familiar que, por norma, é composto por um posto de venda único. Existe uma grande quantidade de estabelecimentos que se enquadram neste tipo de comércio, passando pelo bem conhecido comércio tradicional (ou de proximidade), a alguns formatos de comércio especializado ou ainda, pelo comércio não sedentário como o caso das feiras ou da venda ambulante. 
O comércio associado é composto por empresas comerciais que se agregam, mantendo no entanto a sua autonomia, com o objectivo de efectuar operações de compras e de prestação de serviços em conjunto, de modo a poderem beneficiar de economias de escala e assegurar alguma competitividade junto do comércio integrado. A cooperativa Grula - Grupo Lisboeta de Abastecimento de Produtos Alimentares, actualmente dividida em dois grupos distintos, constitui um exemplo de comércio associado em Portugal.


O comércio integrado ou organizado engloba as empresas comerciais que se agrupam com o objectivo de explorar cadeias de pontos de venda ou redes comerciais comuns. Esta forma de comércio constrói-se por meio de uma integração vertical das várias empresas que o constituem, o que lhes dá oportunidade de beneficiar de sinergias como, por exemplo, a redução dos custos com intermediários. Fazem parte deste segmento de comércio os vários conceitos que se apresentam a seguir:

Grandes armazéns (ou Lojas de departamento): Este é o conceito mais antigo daquilo que, habitualmente, se designa por Grande Distribuição. Trata-se de uma forma de comércio retalhista, na qual se comercializa, no mesmo·    local, uma grande variedade de gamas de produtos, sendo cada secção encarada como uma loja especializada., Como exemplo de grande armazém podemos indicar El Corte Inglés.  
Armazéns populares: Forma de comércio, essencialmente vocacionada para satisfazer as necessidades dos consumidores com menor poder de compra, caracterizada pela oferta de alguma variedade de produtos alimentares, vestuário e artigos domésticos, de gama média e gama média/baixa, em estabelecimentos, cuja dimensão média da área de venda, se situa entre 1000 e 1500 m2. Constituem exemplos tip, as cadeias francesas Monoprix e Uniprix ou a marca portuguesa DeBorla.

Grandes superfícies generalistas (ou Hipermercados): Conceito criado em França na década de 60, com o Carrefour, que se caracteriza pela comercialização de produtos alimentares e não alimentares, em espaços com grandes áreas, cujo limite mínimo v conforme o país em que se encontram. Em Portugal, os estabelecimentos têm de ter uma área superior a 2000 m2 para poderem ser considerados grandes superfícies generalistas. Além do referido Carrefour, podemos apresentar o Continente ou o Jumbo, como exemplos de hipermercados que podemos encontrar no nosso país.

Grandes superfícies especializadas:
Estabelecimentos comerciais que se caracterizam por colocar à de certos segmentos de mercado, um elevado leque de bens de uma determinada categoria de produtos. As grandes superfícies especializadas oferecem uma vasta gama de produtos de um ramo específico, a preços relativamente baixos. O Ikea, a Fnac ou o Aki, são exemplos de grandes superfícies generalizadas existentes em território nacional.
   

 
Franchising (ou franquia): Conceito comercial, no qual uma empresa com um formato de negócio já testado (franchisador ou franqueador) concede a outra (franchisado ou franqueado) o direito de utilizar a sua marca e vender os seus produtos ou serviços num determinado modelo de gestão, em troca de uma certa remuneração. Existem três tipos de franquia: de produção, de serviços e de distribuição. Constituem exemplos de franchising em Portugal, a MultiOpticas, a Mango ou a Telepizza.

Cadeias retalhistas em livre-serviço:
Sabendo que o livre-serviço é um sistema comercial que consiste em dispor os produtos na superfície de exposição e venda da loja de modo a permitir aos clientes a livre circulação no seu interior e a livre escolha dos produtos expostos, qualquer conjunto de pontos de venda em sistema de livre-serviço, identificados com a mesma insígnia, independentemente da respectiva dimensão, e subordinados à mesma direcção estratégica em termos de compras, gestão e expansão constitui uma cadeia em livre-serviço.
Na área alimentar, as primeiras cadeias de pontos de venda em livre-serviço desenvolviam o conceito de supermercado. Posteriormente, formaram-se também cadeias que trabalhavam outros conceitos, nomeadamente de hipermercados, discounts, lojas de conveniência e cash and carry. Mais recentemente, começaram a desenvolver-se cadeias não alimentares de pontos de venda em livre-serviço, tais como brinquedos, materiais de construção, livros e discos, mobiliário e electrodomésticos, que constituem o que poderemos designar genericamente por grandes superfícies especializadas. Em Portugal, como exemplos do primeiro caso, temos as cadeias Dia/Minipreço, Modelo, Pingo Doce, Continente, Makro; como exemplos do segundo, as cadeias Toys R Us, Aki, Conforama, C&A, Max Mat.
Supermercados:
O conceito surgiu nos anos 30, quando se admitiu que só uma operação em larga escala e em livre-serviço poderia permitir ao distribuidor combinar um elevado volume de vendas e preços baixos. Para poder praticar os pretendidos preços baixos, este conceito necessitava de realizar economias de escala e de reduzir os custos operacionais ao nível dos pontos de venda. Estima-se que existam mais de 100 000 pontos de venda em todo o Mundo integrados no conceito de supermercado, dos quais 40 000 na Europa.
Símbolo da distribuição em massa, o supermercado não tem escapado à segmentação e é vasta a multiplicidade dos seus actuais conceitos, para os quais contribuíram as diferenças e as especificidades dos países, mercados e insígnias. O seu universo actual articula-se à volta de dois eixos: o serviço e o preço. À volta do preço, surgiram na Europa duas grandes categorias: o supermercado discount (Intermarché) e o discount de sortido limitado ou hard discount (Dia/Minipreço, Lidl, Plus, Netto). Quanto ao eixo serviço, também existem duas grandes categorias: o supermercado qualitativo (Bonjour) e o supercenter (Modelo).
Centros comerciais:
O conceito de centro comercial, ou shopping center, nasceu nos Estados Unidos e pode ser definido como um equipamento comercial constituído por múltiplos pontos de venda, arquitectónica e comercialmente concebido, planeado, realizado e gerido como uma unidade.
O centro comercial traduz assim uma nova filosofia comercial que assenta na utilização racional e inteligente das sinergias geradas pela integração funcional de comércios diversificados num único espaço.
Com grande capacidade de adaptação às múltiplas tendências do consumo, às constantes mudanças nas preferências dos consumidores e às diferentes necessidades e estratégias das empresas nacionais e internacionais, os centros comerciais denotam versatilidades insuspeitas e potencializam vantagens competitivas inigualáveis.
Manual de Distribuição – 2ª edição, Rousseau, J.A. (adaptado)
Novos conceitos comerciais:

Nos EUA, surgiram nos últimos 30 anos três novos conceitos comerciais de grande interesse e ainda maior sucesso: as cadeias de lojas off-price, os factory outlets e os membership clubs.
As cadeias de lojas off-price comercializam produtos de marca adquiridos a preços inferiores aos normais, através de oportunidades de negócio motivadas por cancelamento de encomendas, produções defeituosas ou descontinuadas, sortidos de fim de estação, que por isso são também vendidos a preços muito baixos aos consumidores.
Os factory outlets (lojas de fábrica) são pontos de venda geridos por produtores que vendem aí directamente aos consumidores os seus próprios produtos oriundos de unidades industriais encerradas, de linhas de produtos descontinuados ou de produção irregular, de encomendas canceladas e por vezes até produtos de grande qualidade mas fora de estação.
Finalmente, os membership clubs ou warehouse clubs fazem apelo aos consumidores sensíveis aos preços, que, tornando-se seus sócios, neles podem efectuar as suas compras. Como é obvio, este conceito eliminou praticamente a já ténue barreira que separava artificialmente grossistas e retalhistas. Os membros destes «clubes» comerciais podem ser profissionais ou consumidores finais que, através do pagamento de uma quota anual da ordem dos 25 a 35 dólares, adquirem o direito a produtos a preços mais baixos para a sua ac tividade ou para uso pessoal e familiar.

Actividade 15
1. Caracterize o comércio independente, apresentando alguns exemplos que conheça.
2. Explique a diferença que existe entre as grandes superfícies generalistas e as grandes superfícies especializadas.
3. Diga o que entende por franchising, apresentando alguns dos exemplos de franchising que conhece.
4. Procure obter mais informações mais sobre franchising, nomeadamente, através da consulta a sites, como:
- www. infofranchising.pt
- www.apfranchise.org
E através da leitura de revistas, como:
- Directório de oportunidades em franchising
- Negócios & Franchising
5. Dê uma noção de livre-serviço.
6. Caracterize o conceito de centro comercial, apresentando as principais vantagens deste formato