sábado, 26 de fevereiro de 2011

Módulo 3

  • Conteúdos e objectivos do Módulo 3
  • Módulo 3
ESCOLA PROFISSIONAL RUIZ COSTA - ECONOMIA - CURSO INFORMÁTICA GESTÃO
ECONOMIA – MÓDULO N.º 3 – MERCADOS DE BENS E SERVIÇOS E DE FCTORES PRODUTIVOS – 24 HORAS

 CONCEITOS IMPORTANTES QUE PERMITEM COMPREENDER E DESCODIFICAR A REALIDADE ECONÓMICA, RELATIVAMENTE AO FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS DE BENS E SERVIÇOS E DE TRABALHO
CONTEÚDOS
1 – MERCADO  
1.1.       Noção e componentes
1.2.       Tipos (de bens e serviços, de trabalho, de capitais, …)
1.3.       Complementaridade das actividades económicas
2 – ESTRUTURAS DOS MERCADOS DE BENS E SERVIÇOS
            2.1. Concorrência perfeita, monopólio, oligopólio, concorrência monopolística
3 – FUNCIONAMENTO DO MERCADO DA CONCORRÊNCIA PERFEITA
            3.1. Lei da procura
            3.2. Elasticidade procura-preço
            3.3. Deslocações ao longo da curva da oferta (preço)
            3.4. Deslocações da curva da oferta (tecnologia, preço dos factores produtivos)
            3.5. O equilíbrio do mercado: o preço de equilíbrio
4 – MERCADO DE MONOPÓLIO
            4.1. Factores justificativos da existência de monopólios (razões tecnológicas, legais e estruturais)
            4.2. Problemas associados à formação dos preços (custos sociais, políticas de defesa da concorrência e discriminação dos preços)
5 – MERCADO DE OLIGOPÓLIO
            5.1. Tipos de oligopólio (concorrencial e cooperativo, de produtos diferenciados e homogéneos)
6 – MERCADO DE CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA
            6.1. Características
            6.2. Factores de diferenciação dos produtos transaccionados (preço, publicidade e características do produto)
7 – MERCADO DE TRABALHO
            7.1. Segmentação do mercado de trabalho
            7.2. Procura, lei da procura e determinantes da procura de trabalho
            7.3. Oferta, lei da oferta e determinantes da oferta de trabalho
            7.4. Equilíbrio do mercado de trabalho: salário de equilíbrio
            7.5. Deslocamentos das curvas da oferta e da procura de trabalho
            7.6. Desequilíbrio do mercado de trabalho: desemprego
            7.7. Intervenção no mercado de trabalho: sindicatos e Estado (salário mínimo)
OBJECTIVOS
1 – MERCADOS DE BENS E SERVIÇOS E DE FACTORES PRODUTIVOS
1.1.       Relacionar a evolução do conceito de mercado com o desenvolvimento das novas tecnologias
1.2.       Referir a existência de variados mercados
1.3.       Apresentar as componentes do mercado (procura e oferta)
1.4.       Caracterizar as diferentes estruturas do mercado
1.5.       Explicar a lei da procura
1.6.       Relacionar os deslocamentos da curva da oferta com as alterações das suas determinantes
1.7.       Explicar a lei da oferta
1.8.       Reconhecer os diferentes graus de elasticidade da oferta relativamente ao preço
1.9.       Relacionar os deslocamentos da curva da oferta com as alterações das suas determinantes
1.10.    Explicar o significado da situação de equilíbrio no mercado de concorrência perfeita
1.11.    Justificar a existência de monopólios
1.12.    Apresentar os problemas associados à formação dos preços em mercado de monopólio
1.13.    Referir a existência de diferentes tipos de oligopólio
1.14.    Caracterizar o mercado de concorrência monopolística quanto aos produtos transaccionados
1.15.    Apresentar factores que permitem a diferenciação do produto neste tipo de mercado
1.16.    Referir a segmentação do mercado de trabalho
1.17.    Apresentar as componentes do mercado de trabalho (procura e oferta)
1.18.    Relacionar oferta de trabalho e salário (curva da oferta de trabalho)
1.19.    Explicar de que forma a mudança de gostos, as alternativas noutros sectores e as migrações se reflectem na oferta de trabalho
1.20.    Relacionar procura de trabalho e salário (curva da procura de trabalho)
1.21.    Explicar o impacto da tecnologia e do preço do produto sobre a procura de trabalho
1.22.    Explicitar o significado de salário de equilíbrio
1.23.    Interpretar o desemprego como um desequilíbrio do mercado
1.24.    Explicar a acção dos sindicatos e do Estado sobre o mercado de trabalho

RECURSOS

·           Guia de aprendizagem retirado do manual da Porto Editora, de GOMES, Rita Pereira e SILVA, Fernando Rodrigues – Economia – 10.º ano – Ensino Profissional, 2009;
·           Fotocópias de textos, artigos e revistas retirados de livros, jornais, revistas ou de páginas da Internet;
·           Artigos retirados do Relatório do Banco de Portugal (2004);
·           Fichas de trabalho;
·           Blogue da turma: http://10economiaeprc2010.blogspot.com

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

·         Participação nas aulas e trabalhos de aula/casa;
·         Assiduidade;
·         Ficha de avaliação sumativa de conhecimentos;
·         Trabalho individual com ponderação a negociar;
·         Organização de um porte fólio individual de aluno.
3. Mercados de Bens e Serviços e de Factores Produtivos
3.1. Noção e formas de mercado

Em primeiro lugar deve-se entender o que a palavra mercado traduz. No singular, possui a vantagem de ao utilizarmos a palavra mercado, não sabermos muito bem ao certo do que se trata, é como se promovêssemos um equívoco para conseguirmos nos entender melhor.
A palavra mercado acaba por ser amplamente generalizada e ligada a uma realidade social que é complexa e só em termos abstractos pode ser compreendida.  
Ouve-se com frequência falar diariamente em mercado ao qual se lhe associa duas ideias, a da troca e a da concorrência. A troca aparece geralmente sempre ligada ao sentido de transacção e a concorrência à ideia que ela é perfeita (concorrência perfeita) e por isso está associada à liberdade das trocas.
Nesse sentido o conceito de mercado tem vindo a emergir, muito particularmente, nos últimos tempos, por força evolutiva da actual sociedade do conhecimento, tendendo cada vez mais a ser identificado, como o espaço social das trocas de um dado bem ou serviço.
Ao longo dos tempos o mercado esteve sempre associado ao acto de consumir. Sendo o consumo de bens essenciais, na sociedade actual, seguramente, o motor da actividade económica, este tem vindo a criar um novo espaço social de trocas, onde não é necessária a presença física quer de compradores quer de vendedores, para que a venda se concretize.
O exemplo mais significativo prende-se com o caso das vendas concretizadas por via da utilização das novas tecnologias da informação e da comunicação. É recorrente cada vez mais o uso à Internet, ao fax, ao telefone ou ao telemóvel para se comercializarem bens ou serviços, onde a presença física pessoal face a face já não é necessária para a realização da troca.
Simultaneamente têm surgido também novos bens e serviços transaccionáveis em novos mercados emergentes. Desde produtos ligados ao mercado financeiro, passando por diversificadas vendas de produtos provenientes de diversas espécies, tudo é passível de se trocar.
Daí que seja mais correcto utilizar-se a palavra mercados em vez de mercado, a não ser que se aplique a um dado mercado específico (por exemplo: mercado de trabalho, mercado da bolsa, etc).
Pode-se afirmar que há mercados para quase tudo e podem assumir diversas formas desde a centralizada (mercado de títulos), a descentralizada (mercado de trabalho) e a electrónica (comércio electrónico na Internet).
Actividade 1
Texto 1 – “Num país como os EUA, a maior parte das decisões económicas são tomadas através do mercado, de modo que iniciamos por aí o nosso estudo. Quem resolve as três questões fundamentais – o quê, como e para quem – numa economia de mercado? Pode ficar surpreendido ao aprender que nenhum indivíduo, organização ou o Estado, é responsável pela resolução dos problemas económicos numa economia de mercado. Pelo contrário, milhões de empresas e consumidores envolvem-se na actividade económica voluntariamente, com a intenção de melhorar as próprias situações económicas, sendo as suas acções coordenadas invisivelmente por um sistema de preços e mercados.
Para ver como isto é extraordinário, considere a cidade de Nova Iorque. Sem um constante fluxo de bens para dentro e para fora da cidade, os nova-iorquinos ficariam à beira da fome numa semana. Para que Nova Iorque possa sobreviver é necessário dispor de muitos tipos de bens. Das zonas limítrofes, dos 50 estados e dos cantos mais recônditos do mundo, os bens viajam dias e semanas tendo Nova Iorque como destino.
Como é possível que 10 milhões de pessoas possam dormir sossegadamente à noite, sem viver num terror profundo do colapso dos processos económicos complexos que os sustentam? A resposta surpreendente é que, sem coerção ou direcção centralizada de ninguém, estas actividades económicas são coordenadas através do mercado.
Qualquer um nos EUA conhece o quanto o Estado faz para controlar a actividade económica: coloca portagens nas pontes, polícias nas ruas, regulamenta os medicamentos, cobra impostos, envia exércitos pelo mundo, e assim por diante. Mas raramente pensamos no quanto da nossa vida económica diária ocorre sem a intervenção do Estado. Milhares de mercadorias são produzidas por milhões de pessoas todos os dias, voluntariamente, sem direcção central ou plano director.” – Samuelson, P. & Nordhaus, W. (2005, 26). Economia. McGrawHill.   
1. Comente o sentido da expressão “a maior parte das decisões económicas são tomadas através do mercado”.
2. Explique o sentido da frase sublinhada.
Noção de mercado: Designa-se por mercado o local no qual agentes económicos procedem à troca de bens por uma unidade monetária ou por outros bens. Os mercados tendem a equilibrar-se pela lei da oferta e da procura.
3. 2. O funcionamento do mercado
Já vimos que deve utilizar-se a palavra mercados, mais do que a palavra mercado, quando se pretende analisar uma dada situação real.
Nos vários mercados que se podem analisar, independentemente do espaço e do tempo, constata-se que funcionam sempre de uma maneira geral, muito fluidamente, ou seja, sem resistências permanentes às mudanças.
No entanto o que caracteriza teoricamente o mercado é o facto de existirem duas partes que se colocam sistematicamente em oposição. Por um lado uma parte deseja comprar enquanto outra, pretende vender (bens ou serviços).
Historicamente e durante muito tempo os mercados ficaram confinados a um dado tempo e a um dado local específicos, como foi o caso, por exemplo, do lugar de leilões de antiguidades, onde aí se encontravam compradores e vendedores. No entanto, cada vez mais, na sociedade actual, os mercados caracterizam-se por se espalharem por vastas áreas territoriais e acima de tudo, pelo facto de compradores e vendedores nunca se encontrarem e se conhecerem, como é o caso das vendas online realizadas através da internet.   

A procura e a oferta
Quando se fala de procura está-se a falar em oferta e da mesma forma quando se fala em oferta está-se a falar de procura. Elas são indissociáveis e é através delas que se determina o preço de qualquer bem (material ou imaterial), bem como a quantidade a produzir.
As estruturas do mercado
O mercado não se constitui uniformemente. Pode assumir várias formas. As mais comuns são: concorrência perfeita e concorrência imperfeita (monopólio, oligopólio e concorrência monopolística).

Vamos agora analisar cada uma delas.

Mercados de concorrência perfeita
Caracterizam-se pela existência quer de um número elevado de produtores, quer de consumidores
Uma outra característica que acompanha estes mercados prende-se com a ausência de capacidade para manipular preços. Nem compradores nem vendedores podem influenciar a formação de preços uma vez que as suas acções são geralmente isoladas e as quantidades a transaccionar são em quantidades reduzidas.
Actividade 2
Texto: “A concorrência perfeita é o mundo dos «aceitantes de preço» (price-takers). Uma empresa perfeitamente concorrencial vende um produto homogéneo (idêntico ao produto vendido pelas outras da mesma actividade). É tão pequena em relação ao seu mercado que não pode influenciar o preço de mercado; apenas pode aceitar o preço de mercado; apenas pode aceitar o preço como um dado. Quando o Silva Lavrador vende um produto homogéneo como o trigo, vende-o a uma massa enorme de compradores ao preço de mercado de €3 por alqueire. Tal como, de uma forma geral, os consumidores têm de aceitar os preços que são cobrados no acesso à Internet, ou nas salas de cinema, assim as empresas concorrenciais têm de aceitar os preços de mercado de trigo, ou do petróleo, que produzem.” Samuelson, P & Nordhaus, W. (2005, 148). Economia. 18.ª edição. McGrawHill.   
Comente a frase destacada do texto anterior.

Características dos mercados de concorrência perfeita
São cinco as características que acompanham os mercados de concorrência perfeita.
Ø  Atomicidade
Ø  Homogeneidade
Ø  Livre acesso ao mercado
Ø  Mobilidade
Ø  Transparência
Atomicidade – palavra que deve a sua origem a uma outra – átomo - e que resulta em razão da proliferação dos agentes económicos, que funcionam como átomos, quer do lado da procura quer do lado da oferta, numa multiplicidade de acções, no mercado de concorrência perfeita, tornando-se praticamente impossível a qualquer agente económico, influenciar o nível de preços, quer por via da sua entrada ou saída desse mercado.  
Homogeneidade – princípio segundo o qual não existe qualquer diferença entre o produto vendido por um comerciante e os vendidos pelos seus concorrentes.
No caso de os produtos serem diferenciados (não existe homogeneidade), o mercado aproxima-se duma situação de monopólio como é o caso, por exemplo, das calças de ganga (jeans) que se apresentam diferentemente através da “marca” respectiva, embora as suas características sejam semelhantes, mas que permitem a existência de preços diferenciados, impedindo assim, que haja, uma concorrência perfeita.
Livre acesso ao mercado – princípio segundo o qual, não existem barreiras à entrada no mercado. Como exemplo significativo temos o mercado dos produtos hortícolas onde um agricultor pode optar a qualquer momento por deixar de cultivar cebolas e passar a cultivar batatas para vender no mercado, pois que é livre a sua entrada e saída do mercado.
Mobilidade – significa que o mecanismo de mercado pressupõe uma fácil reconversão e deslocalização dos factores produtivos (capital e trabalho), para os sectores mais lucrativos, que ofereçam oportunidades mais lucrativas aos produtores. Como exemplo significativo podemos recorrer novamente ao mercado dos produtos hortícolas onde um agricultor pode deslocar-se a qualquer momento para o cultivo de produtos cereais ou para o cultivo da vinha sem que isso lhe traga custos adicionais à opção tomada.
Transparência - no sentido de que todos os consumidores e produtores devem ter um total conhecimento sobre todos os preços; é por este motivo que a legislação obriga à afixação dos preços dos produtos, por exemplo, nas bancas do peixe, nas montras das relojoarias, nas montras dos talhos, ou seja, em todas as montras dos estabelecimentos comerciais.

Mercados de concorrência imperfeita

Actividade 3
Texto: “A concorrência perfeita é um mercado ideal de inúmeras empresas que não podem afectar o preço. Mas sendo fácil de analisar, é difícil encontrar esse tipo de empresas. Quando compra o seu automóvel Ford ou Toyota, os seus hambúrgueres da McDonald´s ou da Wendy´s, o seu computador da Dell ou da Apple, está a lidar com empresas suficientemente grandes para influenciar o preço de mercado. De facto, a maioria dos mercados na economia são dominados por um punhado de grandes empresas, e frequentemente apenas por duas ou três. Bem-vindo ao mundo em que vivemos, o mundo da concorrência imperfeita.” Samuelson, P & Nordhaus, W. (2005, 166). Economia. 18.ª edição. McGrawHill.  
Comente a frase destacada do texto anterior.

Principais tipos de Concorrência Imperfeita
Monopólio: existe total poder (exemplo: Windows da Microsoft que conseguiu manter o seu monopólio em economias de rede).

Oligopólio: existe algum poder (exemplo: a indústria dos cereais para pequeno-almoço é dominado por poucas empresas embora exista um número elevado de variedades de cereais).

Concorrência monopolística: existe pouco poder (exemplo: o mercado a retalho das gasolinas/gasóleos).

Tipo de Mercado
Número de produtores ou vendedores
Controlo sobre o preço
Bens produzidos
Concorrência
Monopólio
Um
Total
Único
Nenhuma
Oligopólio
Poucos e de bens diferenciados ou idênticos
Limitado
Pouco diferenciados
Pouca
Concorrência Monopolística
Muitos e de bens parecidos, mas não idênticos
Pouco
Diferenciados
Bastante