sábado, 29 de janeiro de 2011

A sociedade de consumo: consumerismo, direitos e deveres

Inovação tecnológica
Além do nível de rendimento dos consumidores e dos preços dos bens, a inovação tecnológica é outro factor de que depende o consumo, pois cria e desenvolve permanentemente bens e serviços que geram novas necessidades nos consumidores, levando-os a consumirem mais. Por outro lado, este progresso faz reduzir o consumo de alguns bens, daqueles que rapidamente se tornam obsoletos ao serem substituídos pelos novos.
Actualmente, vivemos na era da tecnologia, surgindo a todo o momento novos produtos, assim como se assiste à melhoria dos já existentes. O ritmo das invenções é de tal modo acelerado que, frequentemente, um produto novo é ultrapassado por outro num curto espaço de tempo. Os produtos que incorporam tecnologia são os mais abrangidos por esta constante corrente de inovação.

Actividade 21
1 - Explicite o papel que a inovação tecnológica tem sobre o consumo;
2 - Apresente alguns exemplos da influência que a inovação tecnológica exerce sobre o consumo.

Factores extra-económicos

Os factores extra-económicos que influenciam o consumo são de natureza sociocultural sendo os principais: a moda, a tradição, a publicidade, os modos de vida e a estrutura etária dos agregados familiares.

Moda

Nas últimas décadas assistiu-se a uma grande redução do ciclo de vida dos produtos. Anteriormente, a maior parte dos bens que as pessoas adquiriam duravam muito tempo, pois eram produzidos valorizando qualidades como a durabilidade e a robustez. Hoje em dia, as empresas decidem estrategicamente criar produtos que não são destinados a durar muito tempo. As questões de estética e as características técnicas trazem novidades que levam os consumidores a desejar trocar produtos, ainda perfeitamente capazes de cumprirem as suas funções, por outros com novo design ou novas competências.

O vestuário, o calçado e a maioria dos objectos de uso pessoal são os principais alvos da moda. Muitos destes objectos são intencionalmente criados com design acentuado, de modo a marcar uma época, caindo em desuso ao fim de algum tempo.

Tradição

Outro factor que influencia o consumo é a tradição. Em determinadas épocas do ano, como o Natal ou a Páscoa, verifica-se um acréscimo de consumo, pois as pessoas têm o hábito de celebrar estas festas oferecendo presentes e confeccionando iguarias típicas. Mas existem outras ocasiões festivas em que o consumo de bens aumenta e que são exploradas pelo comércio através da publicidade, como, por exemplo, o Dia de S. Valentim ou, mais recentemente, o Dia das Bruxas. Também existem tradições regionais como a gastronomia ou o fabrico de artesanato, que atraem turistas e cujo consumo dinamiza a actividade económica local.
Publicidade
As técnicas de venda e a publicidade são utilizadas de forma bastante intensa para aumentar a propensão ao consumo. Existem muitas técnicas para levar os consumidores a comprar mais, desde os eficazes anúncios publicitários, passando pelo design, às embalagens, pela disposição dos produtos nos locais de venda ou a facilidade de pagamento com que são disponibilizados.
A globalização, ao aproximar todos os povos, gera a convergência das práticas de consumo em todo o planeta. Podemos facilmente aceder aos mesmos bens e serviços independentemente de estarmos na Europa ou em qualquer outro continente, pois é possível comer um Big Mac da Mcdonald’s na Alemanha ou na Guatemala.
Modos de vida

Estrutura etária dos agregados familiares

Estrutura etária dos agregados familiares
A composição do agregado familiar também pode determinar o consumo, pois é muito diferente o consumo de uma família composta por um jovem casal com filhos pequenos ou o de outra cujos membros são um casal de reformados. Assim, quer a idade dos membros da família quer o número de elementos que a compõem são factores relevantes para o tipo de consumo praticado. Será provável, por exemplo, que uma família mais jovem dedique uma maior parcela do seu rendimento à aquisição de produtos que incorporem novas tecnologias. Por outro lado, o consumo de bens associados a lazer normalmente é menor em famílias grandes, pois é preciso repartir o rendimento por muitos elementos.

A sociedade de consumo
O conceito de sociedade de consumo surge após a Revolução Industrial com o desenvolvimento das técnicas de produção, que deram origem à produção em massa, isto é, a produção em série de grandes quantidades de bens. Mas o aumento da capacidade produtiva levantou um problema aos empresários: como fazer escoar as grandes quantidades de produtos que agora era possível fabricar. A solução era criar novas necessidades nos consumidores contribuindo para isso de forma decisiva a publicidade, o marketing, as técnicas de venda, as facilidades de pagamento e outras actividades semelhantes.
O consumidor, sendo alvo de um grande conjunto de técnicas persuasivas, tornou-se um destinatário passivo do consumo, numa época em que se consome o que é produzido (ao invés de se produzir aquilo que é necessário consumir).
A sociedade de consumo caracteriza-se então pela abundância de bens duradouros permanentemente colocados à disposição de todos os consumidores. O consumo passa a ocupar um lugar central na vida dos indivíduos. Na sociedade contemporânea a posse de bens é sobrevalorizada, sendo as pessoas avaliadas muitas vezes em função dos bens materiais que possuem. É a era dos produtos descartáveis, do “usa e deita fora” que leva constantemente os consumidores a substituir bens em perfeitas condições de utilização por outros mais recentes.
O aumento da quantidade de bens produzidos representa uma vantagem para os consumidores, pois a necessidade de escoamento dos produtos leva a uma redução dos seus preços. Mas, por outro lado, a massificação do consumo e a facilidade de acesso aos bens induzem ao consumismo, isto é, um conjunto atitudes e comportamentos que conduzem a consumos irracionais e imprevistos. São situações em que as pessoas agem por impulso, consumindo, de forma irreflectida, bens que não necessitam.
O crédito e as facilidades de pagamento contribuem muito para a existência de consumos indiscriminados, pois os bens ficam à disposição das pessoas antes de ser efectuada a totalidade do seu pagamento. Nas últimas décadas, o crédito concedido aos particulares aumentou bastante, dando origem a uma situação de sobreendividamento de uma grande parte das famílias portuguesas. Em muitos casos a situação é dramática, porque o rendimento disponível não é suficiente para fazer face às dívidas contraídas.
O consumismo também tem como consequência a degradação ambiental, pois a produção massiva de bens exige que se mantenham em actividade muitas indústrias em todo o planeta, originando a poluição. Por outro lado, o uso excessivo dos recursos naturais não permite a sua reposição natural, o que também provoca danos no ambiente.

Actividade 22

1 - Dê uma noção de sociedade de consumo;
2 - Apresente o conceito de consumismo, indicando algumas das causas do seu aparecimento;
3 - Relacione o consumismo com a degradação ambiental

Consumerismo e o movimento dos consumidores
Um movimento de cariz social composto por indivíduos e instituições procura promover práticas de consumo equilibradas, de forma a evitar os comportamentos desviantes característicos do consumismo. Denomina-se por consumerismo o conjunto de acções levadas a cabo por esse movimento e que têm como objectivo a defesa dos interesses dos consumidores.

O consumerismo privilegia a informação e a educação dos consumidores, levando-os a agir de forma consciente e racional. As acções de sensibilização empreendidas pelos consumeristas permitem o reconhecimento da responsabilidade social dos consumidores, que exige uma utilização criteriosa dos recursos naturais, consubstanciada num consumo ético e responsável, de modo a promover o desenvolvimento sustentável do planeta.
Direitos e deveres dos consumidores
Segundo a Lei de Defesa do Consumidor, é consumidor o destinatário de bens, da prestação de serviços ou da transmissão de direitos destinados a uso não profissional, por pessoa que exerça a título profissional uma actividade económica que vise a obtenção de benefícios.
Os principais direitos consagrados na lei portuguesa são:
- o direito à qualidade dos bens e serviços
- o direito à protecção da saúde e segurança física
- o direito à formação e educação para o consumo
- o direito à protecção dos interesses económicos
- o direito à prevenção e reparação de danos
- o direito à protecção jurídica e a uma justiça acessível e pronta
- o direito à participação, por via administrativa, na definição legal ou administrativa dos seus direitos e interesses.

O facto de pertencermos à União Europeia assegura uma protecção adicional aos consumidores. A União Europeia defende os interesses dos consumidores, independentemente do Estado-membro em que se encontrem, e para isso definiu dez princípios básicos:
1)     Compre o que quiser, onde quiser
2)     Se não funciona, devolva
3)     Elevadas normas de segurança para géneros alimentícios e outros bens de consumo
4)     Saiba o que come
5)     Os contratos devem ser justos para os consumidores
6)     Por vezes, os consumidores podem mudar de opinião
7)     Facilitar a comparação de preços
8)     Os consumidores não devem ser induzidos em erro
9)     Protecção durante as férias
10)   Vias de reparação eficazes em caso de litígios transfronteiriços

Por outro lado, como os consumidores são agentes com responsabilidade social, também devem assumir um conjunto de deveres, nomeadamente:
- terem uma consciência crítica, informando-se sobre o que estão a comprar em cada momento e analisando a relação preço-qualidade dos bens e serviços em questão;
- serem capazes de agir e reclamar quando é necessário, evitando a indiferença perante situações abusivas;
- terem uma preocupação social, particularmente com os mais desfavorecidos;
- terem consciência ambiental, compreendendo o impacto das suas práticas de consumo no ambiente e a necessidade de protecção dos recursos naturais;
- o dever de solidariedade, entendendo a interligação das acções individuais e que os actos de cada um podem prejudicar todos.  


Actividade 23
1. Diga quais são os principais direitos dos consumidores que aparecem consagrados na lei.
2. Leia com atenção o texto seguinte:
E se comprar um televisor novo que se avaria imediatamente? De acordo com a legislação da UE, caso adquira um produto que não cumpre o contrato que celebrou com o vendedor na altura da compra, pode devolvê-lo, a fim de ser reparado ou substituído. Em alternativa, pode solicitar um desconto ou o reembolso total do seu dinheiro. O princípio é válido até dois anos após a entrega do produto. E, nos seis primeiros meses após a entrega, é da responsabilidade do vendedor – e não do comprador – provar que o produto vendido cumpria as cláusulas do contrato de venda.
O princípio de que o produto tem de “cumprir as cláusulas do contrato de venda” protege-o igualmente na eventualidade de o produto não corresponder à compra que fez. Por exemplo, se comprou uma peça de mobiliário antigo e o que recebe é uma reprodução, pode devolver o artigo.
Identifique o princípio da União Europeia mencionado no texto, explicando em que consiste.
3. Explicite o dever do consumidor ter uma consciência ambiental. 
4. Diga o que entende por dever de solidariedade do consumidor.
5. Procure recolher informação sobre direitos e deveres dos consumidores, nomeadamente, através da consulta dos sites seguintes:
- www.deco.proteste.pt

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